Wednesday, March 19, 2008

vem e vê - ler e refletir


Vem e vê

Minha alma tem se encontrado em um grande dilema nestes últimos dias com a seguinte questão: Se é um privilégio muito grande termos o sentido físico da visão, por que é que fechamos os nossos olhos para não vermos as “desgraças” e as misérias que nos circulam e nos rodeiam?
Escrevo isso porque ainda essa semana eu estava preparando um vídeo para mostrar na congregação durante nosso culto missionário algumas imagens a cerca da obra missionária quando, der repente, deparei-me com uma foto na tela do meu computador que me colocou na situação de rejeitar a benção da visão. Que vergonha! Eu não quis que aquela imagem me confrontasse, então, simplesmente a ignorei em minha mente, fiz de conta que ela era apenas mais uma imagem do dia infeliz de algum ser humano no planeta Terra. Diga se de passagem, quem não tem problema? Quando menos esperei, minha mente já havia me dado razões o suficiente para não insistir em buscar razões para ver aquela imagem, ou colocá-la no vídeo que eu estava preparando. Além do mais, não queria que os irmãos da igreja se sentissem impressionados e pressionados com aquela imagem, pois em culto missionário geralmente se pede uma contribuição financeira para o trabalho de missões. Minha mente, então, me convenceu que não era uma boa idéia ser tão apelativo. Bem!
Talvez você já a tenha visto também, pois essa não foi a única vez que vi essa imagem. Um menino africano, completamente nu, esquelético, não mais do que 6 anos de idade, com uma pavorosa expressão em sua face de que estava experimentado uma forte dose de dor, sua movimentação era de quatro como se fosse um quadrúpede por lhe faltar força para caminhar, sua guerra interior, creio eu, naquele momento era em expulsar de sua volta a morte que o cercava, pois até um abutre já estava a sua espreita esperando seu último respiro. Aprendi mais tarde que aquela foto foi a última imagem daquele cinegrafista que ao contemplar aquela miséria, não suportou a sua própria e suicidou se. Ver ou não ver, eis a questão!
Imagens como essa passa “despercebida” por milhares de olhos sadios diariamente. Olhos que vêm, mas não enxergam; olhos que não precisão da saliva do mestre para curá-los, mas com certeza precisam do colírio de céu para que vejam. Amados irmãos, não precisamos ir à África para vermos as misérias do homem. Às vezes o que basta, é acharmos o primeiro espelho em casa e darmos uma boa olhada naquela imagem diante de nós para sentirmos na pele que sem a “graça” que basta, sem o poder que se aperfeiçoa na fraqueza, não passamos de pobres miseráveis! Meu Deus! Somos homens que têm a capacidade de fechar os olhos para não ver a necessidade do pobre, da solidão da viúva, da carência do órfão, da dor do estrangeiro, e o pior, às vezes culpamos a todos por isso, inclusive a Deus, menos as nós mesmos! Imagens que me confrontam; imagens que denunciam minha miséria, imagens que são o retrato da conseqüência do pecado! Não,não, não, êpa, pêra lá! Suicidar? Essa não é tão pouca a solução para se chamar a atenção dos “cegos” que enxergam. A solução é pedir a Deus para ver. “E Jesus os via como ovelhas sem pastor”. Ver para revelar o mau que há em nós “o bem que quero fazer isso não faço”, mas tambem para revelar o bem que está em nós, "maior é o que está em vós, do que aquele que está mundo”.
Foi em tempo de calamidade que o apóstolo João foi convidado para ver o trabalhar de Deus nos céus no que diz respeito aos homens na Terra. Foi justamente quando todos choravam por não haver quem fosse digno de desatar os setes selos, que Deus chamou João para subir e VER as coisas espantosas do apocalipse onde a miséria do homem e a graça de Deus colidem trazendo esperança para mim, para nós; “miseráveis homens que somos”.
Pr. Victor Ornelas - março 2008